domingo, 9 de setembro de 2007

A Maddie continua desaparecida. E depois?


A Maddie desapareceu. Em Maio. No Algarve. Pode ter sido morta. Pelos pais ou por outros. De propósito ou sem querer. E os media (os bardamedia, como diz o Jacinto do talho quando vem depenicar o bagaço aqui à Tasca) vai de embandeirar em arco e de fazer do caso motivo de parangonas, de causa para guerrilhas entre polícias, entre Estados, entre pessoas. Santíssimo! Vejam-se bem ao espelho. Uma criança desapareceu, ou foi morta, ou seja lá o que for. É um drama, claro. Igual a tantos outros que se passam todos os dias por este mundo fora. Que isso justifique "guerras" luso-britânicas - em que os nossos irmãos de lá da Mancha se estão a portar muito pior em nome de nacionalismos pacóvios evocativos do pior do Império - é ridículo. Perguntem às crianças africanas e aos pais das crianças africanas raptadas todos os dias, para guerras ou para haréns árabes, como se sentem. E ponham em causa o esforço das polícias de lá para as recuperar. Será que isto alguma vez fez manchete em Londres ou Lisboa? Deixem-nos em paz. Desapareceu uma criança. Deixem a polícia procurá-la. Tranquilamente. O caso da Maddie é, tão só, um caso de polícia. O custo de vida, o desemprego, os despedimentos, a competência ou a incompetência do governo, isso sim, são problemas nacionais. A guerra do Iraque, o terrorismo, a globalização, a degradação do ambiente, isso sim, são problemas internacionais. Vamos, caros colegas dos jornais, das rádios e das televisões, às manchetes que importam para todos. A Maddie tem espaço para uma local de vez em quando, com direito a chamada de primeira página só quando do desaparecimento e quando o crime for desvendado. Mais que isso não é informação. É "novela da vida real", é Big Brother feito informação séria. É uma gaita, é o que é. Preocupa-me muito mais a criança da imagem lá em cima. A propósito, o moscatel de Setúbal está de estalo.

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